E Não Sobrou Nenhum é genial e diferente de todos os livros da Agatha Christie

Agatha Christie não cansa de surpreender. Ao conhecer as obras Morte no Nilo, O Assassinato no Expresso do Oriente e Os Crimes ABC, eu, Ana, pensei que os mistérios com o detetive Poirot eram os melhores trabalhos da autora. Estava extremamente enganada. E Não Sobrou Nenhum é diferente de tudo que Agatha já escreveu e te prende até um final genial, em que finalmente o leitor entende toda a trama e quem é o assassino.

Antes de começar os elogios a obra, é necessário falar um pouco da sinopse para vocês. Em E Não Sobrou Nenhum, dez pessoas são convidadas por um anfitrião misterioso, chamado de Mr. Owen, para a sua casa na Ilha do Soldado. O lugar é de difícil acesso, somente é possível chegar à ilha de barco, deixando qualquer convidado refém das mudanças climáticas.

Quando todos chegam na casa eles percebem que o tal anfitrião misterioso não está e que avisou ao novo mordomo que chegará depois deles, mas teria deixado tudo perfeitamente preparado para suprir os desejos dos hóspedes. Mesmo estranhando a situação, as dez pessoas permanecem na ilha. Contudo, uma série de mortes inspiradas em uma cantiga infantil colocará em risco a vida de todos. Quem está matando os convidados? Onde está e quem é o Mr. Owen?

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Por que esse livro é totalmente diferente dos outros da Agatha? Bem, tudo começa pelo fato de não haver nenhum detetive. Ou seja, TODOS que estão na Ilha são suspeitos. Então este é o melhor livro da autora para você brincar de detetive e tentar adivinhar quem está por trás dos assassinatos. Além disso, o leitor fica muito mais aflito e atento a cada detalhe, já que não há uma “voz da verdade”, como acontece nos casos de Hercule Poirot e da Miss Marple.

Lamento dizer que o livro demora um pouco para engatar. A autora usa praticamente 20% da obra mostrando cada personagem chegando no local e a reação deles ao convite. Claro que faz sentido perder esse tempo. Cada detalhe conta e são dez pessoas suspeitas, então o leitor precisa mesmo de um tempo para gravar quem é quem.

Contudo, o risco do leitor querer desistir da leitura existe, pois a história começa mesmo só em 40%. Mas se você persistir um tiquinho, depois dos 40% é impossível parar de ler. O livro toma um ritmo frenético e excitante, crescendo cada vez mais a expectativa sobre quem será a próxima vítima e como tudo irá acabar. E vale muito a pena ler até o final, a revelação é inesperada e incrível!

O uso dos personagens para repassar seus valores ou criticar os da época?

Apesar de não podermos afirmar totalmente que são pensamentos provenientes de Agatha Christie, há posicionamentos legais e outros nada corretos. Neste livro percebe-se um traço feminista da autora, quando os personagens masculinos descartam de cara a possibilidade das mulheres estarem cometendo os assassinatos. Um dos homens retruca que sim, elas têm tanta capacidade e frieza para matar alguém quanto eles.

“- Em todo caso, suponho que o senhor deixará as mulheres fora disso.

[…]

– O senhor pretende afirmar que as mulheres não estão sujeitas à loucura ou a impulsos homicidas?”

Em contraponto, outros personagens diferem frases contra judeus, os estereotipando de maneira pejorativa. Há outro trecho demasiadamente conflituoso, em que um personagem fala que pessoas brancas e negras são igualmente irmãos, enquanto a outra personagem zomba e fala de maneira racista. Leia o trecho abaixo:

“- Ele admite ter abandonado vinte homens à morte.

Vera comentou, como se tentasse justificar:

– Eram apenas nativos…

– Brancos ou pretos, são nossos irmãos – respondeu violentamente Emily Brent.

‘Nossos irmão pretos, nossos irmãos pretos’, pensou Vera. ‘Oh, que vontade de rir! Estou ficando histérica. Não sou mais eu mesma…’.”

O polêmico título original da obra

Vale lembrar que o título original do livro não é E Não Sobrou Nenhum. Quando publicado pela primeira vez, Agatha Christie o intitulou como “O Conto dos Dez Negrinhos” (em inglês “Ten Little Niggers”), pois a história da obra se inspira na cantiga infantil “Os Dez Indiozinhos”. Porém, com o passar dos anos e entendendo que o nome do livro era altamente racista, muitas editoras ao redor do mundo mudaram os títulos.

E apesar da Agatha se utilizar de tal cantiga, nada tem a ver de fato com os personagens e as situações do livro. Por isso, o livro recebe hoje o nome de E Não Sobrou Nenhum e dentro da obra proclamam o poema como “Os Dez Soldadinhos”. Foi uma mudança extremamente necessária e que não alterou em nada a história.

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Por: Ana Fernandes

Morte no Nilo é sem dúvidas um dos melhores mistérios de Agatha Christie

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4 comentários sobre “E Não Sobrou Nenhum é genial e diferente de todos os livros da Agatha Christie

  1. Sempre leio tantos elogios sobre este livro que já estou com muita vontade de ler. Li apenas um livros da autora, Assassinato no campo de golpe e gostei muito da escrita dela. ♥

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