A Bússola de Ouro: uma fantasia complexa, inteligente e bem construída

A Bússola de Ouro pode ser caracterizado como um livro infantojuvenil, mas na verdade é para todas as idades! A obra de fantasia científica é complexa, inteligente, bem construída e está em um patamar acima de alguns livros do gênero. Publicado em 1995, A Bússola de Ouro introduz a trilogia As Fronteiras do Universo (His Dark Materials), escrito por Philip Pullman.

Editora: Suma, 2017.

Lyra Belcaqua divide suas horas em estudos nada divertidos no Colégio Jordan e em pregar peças nas crianças gípcias das ruas de Oxford. Lyra é orfã e foi deixava pelo tio Lord Asriel para ser criada pelos membros do Colégio Jordan. O mundo dela é bem diferente do universo que conhecemos: ursos falam e comandam territórios; pessoas viajam em zepplins; nações de feiticeiras existem; e as almas das pessoas são personificadas em formas de animais, conhecidos como dimons.

A vida comum de Lyra no Colégio Jordan é deixada para trás quando a menina precisa enfrentar o frio congelante do Norte, em busca de crianças que desapareceram sem deixar rastros e para ajudar o seu tio Lord Asriel, preso pelos ursos. Com seu dimon Pantalaimon e um equipamento que responde a qualquer pergunta, Lyra parte em uma aventura que vai mudar a vida dela para sempre.

“Atrás deles, ficavam a dor e o medo; à frente deles, a incerteza, o perigo e mistérios inimagináveis! Mas eles não estavam sozinhos.”

Sim, a personagem principal é uma criança. Todavia, se engana quem pensa que A Bússola de Ouro é só mais um livro infatojuvenil simples e bobo. Cada reviravolta do livro é bem criada e estruturada, desde quando se descobre o que está acontecendo com as crianças até quando o leitor é introduzido ao conceito do Pó. O autor aprofunda o universo da Lyra, dando detalhes, mesmo que básicos, de conflitos políticos e sobre os dimons, as feiticeiras, os ursos e outros seres fictícios.

“- Quero que Pantalaimon possa mudar para sempre. Ele também quer.

– Ah, eles sempre ficam com uma só, e sempre ficarão. Faz parte de crescer. Vai chegar um tempo em que você vai ficar cansada de tantas mudanças dele, e vai querer que ele tenha uma forma fixa.

– Nunca vou querer isso!

– Ah, vai, sim. Vai querer crescer como todas as outras meninas. De qualquer maneira, a forma única tem suas vantagens.

– Quais?

– Saber que tipo de pessoa você é.”

O fato de Philip Pullman trazer uma menina como personagem principal merece elogios. Mesmo que a Lyra receba ajuda por meio de personagens secundários e do aletiômetro (equipamento que responde a qualquer pergunta), ela soluciona quase, se não todos, os problemas da história sozinha. Ela é uma criança forte psicologicamente, muito inteligente e nada bobinha. Pode-se dizer, portanto, que o livro é um bom exemplo de empoderamento feminino, pois ocorre de maneira natural e nada forçado.

“Aos poucos, enquanto a tempestade de medo se acalmava. ela recuperou a confiança em si. Afinal ela era Lyra! Podia estar com frio e com medo, mas era Lyra!”

“Lyra relaxou e se permitiu sentir a dor no ombro e no pulso. Aquilo era o suficiente para fazê-la chorar, se ela fosse o tipo de menina que chorava.”

A Bússola de Ouro, apesar de ser o primeiro livro da trilogia Fronteiras do Universo, já mostra a grandeza da sua narrativa e o fato que de o leitor ainda não sabe tudo sobre o universo criado por Pullman. Dez perguntas são respondidas e mais dez surgem ao final da obra. Há poucos capítulos parados e muitos capítulos com ação e luta. A obra tem um ritmo perfeito para quem ama uma aventura sem enrolação!

Editora: Suma

RESENHA DE A FACA SUTIL, O SEGUNDO LIVRO DA TRILOGIA FRONTEIRAS DO UNIVERSO


Por: Ana Fernandes

6 comentários sobre “A Bússola de Ouro: uma fantasia complexa, inteligente e bem construída

  1. […] Faca Sutil é o segundo livro da trilogia Fronteiras do Universo, escrito por Philip Pullman. No primeiro livro, A Bússola de Ouro, conhecemos o mundo da Lyra, os deamons, o conceito do pó e a… O que parece simples na obra introdutória, se expande em A Faca Sutil. Muitas perguntas são […]

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