Resenha – As Férias da Minha Vida

Ísis e Viviane sonhavam com a viagem para a Disney ao completarem 15 anos. Porém, elas não contaram com a existência da irmã mais nova de Vivi, Brenda. Os pais das duas permitiram a viagem, mas com a condição de terem que esperar a mais nova completar 15 anos.

Dois anos se passaram e as melhores amigas mudaram o destino da tal sonhada trip. Cecília, tia de Brenda e Vivi e que seria a responsável por elas na viagem, apresentou as jovens fotos de Punta Cana, na República Dominicana. Elas toparam passar os 30 dias das férias de janeiro em um resort, com praia, piscina, festa toda noite e mojitos (sem álcool).

Como já dá para perceber pelo título da obra, Ísis não voltará da viagem sendo a mesma jovem de 17 anos. Lá ela encontra novos amigos e até mesmo um novo amor.

Editora Intrínseca, 2019.

A narrativa em primeira pessoa permite que o leitor entre na mente da adolescente. Por isso a autora Clara Savelli transmite os medos, as incertezas e as inseguranças que toda e todo adolescente tem durante essa fase.

Contudo, a escritora tropeça em seus objetivos. Ísis utiliza palavras e frases muito rebuscadas para alguém que tem 17 anos. “Articulei minhas palavras o quanto pude” e “olhando de esguelha” são alguns exemplos. Tais frases nunca sairiam da boca de uma adolescente, ou passariam na mente dela. Porém, isso não compromete a obra por completo. Clara representou bem a personagem principal por meio das ações que são típicas de um jovem de 17 anos. 

O livro alimenta estereótipos masculinos sarados e bonitões. Todas elas só olham para homens desse tipo. Talvez fosse interessante mudar esta perspectiva, já que o livro é direcionado ao público mais novo que, geralmente, se utiliza dos livros e filmes como inspiração. Portanto, o alerta é de que essa cultura vem sendo alimentada há muito tempo e pode influenciar adolescentes de maneira negativa.

As Férias da Minha Vida é um típico clichê adolescente, mas tem seu charme e sua graça e vale a pena a leitura. Te tira boas risadas e tem uma proposta interessante de feminismo e empoderamento. O final no epílogo intitulado “um ano depois” é uma das partes decepcionante, pois entra na ideia de final feliz e fora da realidade.

“O amor é estranho, Ísis, mas é incrível também.“

Por: Ana Fernandes